Um tema
difícil para mim. Como me relacionar com as outras pessoas sendo um portador do
vírus? Eu ainda francamente não sei. Decidi não contar para ninguém que não
seja extremamente necessário. Ou seja, além dos profissionais da saúde que
temos que ter contato, toda o compartilhar sobre o assunto teria que ser
anônimo.
Não quero
ver nos olhos de meus conhecidos uma mudança em relação a mim. Quer seja pena,
preocupação ou medo. Que seja até mesmo algo positivo. Pelo menos isso posso
preservar da minha vida anterior. Talvez seja mais fácil para mim tomar essa
decisão, pois tenho alguém que sabe por perto. Mas posso contar nos dedos as
vezes que conversamos sobre o que sinto de forma profunda. Geralmente são
superficialidades e objetividades. Somente quando não deu mesmo para segurar.
De qualquer
maneira, acho que a pessoas mais adequada para ter essa conversa se chama
psicólogo. Alguém cuja profissão é justamente escutar o outro e tentar
desvendar os mistérios da nossa subjetividade que afetam a qualidade de nossa
vida. Quem não tem psicólogo, sugiro
conversar nos blogues, fóruns e chats. Mas acredito no poder terapêutico de
colocar para fora os pensamentos.
Na vida
direta, na familiar, na profissional e no grupo de amigos, escolhi não trazer o
assunto. Respeito e admiro enormemente quem resolve abrir para todos. São
corajosos e fortes. E também não digo que um dia não o farei. Aprendi a não
escrever nada em pedra. Mas nesse momento, me basta o que tenho. Sei também ser fundamental compartilhar com a
pessoas que resolver seguir com você uma vida amorosa, fico devendo um post
sobre isso.
Porém
também não quero deixar que esse segredo me consuma. Veja que hoje o mundo é
uma vila do interior. A privacidade é cada vez menor. E por experiência própria
sei que quando a gente quer muito guardar algo para si, as vezes as
coincidências colocam tudo a perder. Então, devo relaxar também. E respeitar a
decisão do Destino. Esse hábil construtor e destruidor de certezas.
Se eu for
contar, acho que cerca de 10 a 20 pessoas vão me conhecer e saber o que tenho. Seja
o pessoal da farmácia onde buscamos o remédio, seja onde recolho os exames de
sangue e ainda o Dr. Interrogação e a sua secretaria. Bastante o suficiente
para que um dia, um amigo de uma amiga de um conhecido faça o telefone sem
fio.
Não dá para
ser neurótico com a possibilidade dessa informação percorrer os elos de uma
cadeia entre você e esses conhecidos. Se for acontecer, mesmo se você usa uma
peruca, maquiagem, óculos escuros, boné, roupas que disfarcem e etc, um dia
pode acontecer a mais fantástica das coincidências e pronto. Tome seus cuidados, mas entenda que o
controle sobre tudo e todos não é possível. Afinal, você não estaria nessa
posição se assim o fosse. Relaxe.
Por
enquanto, minha vida ganhou mais um segredo que influenciará na forma como me
relaciono com as pessoas. Após o início do tratamento, guardar esse segredo
ficou um pouco mais complicado, mas já guardei segredos maiores. Guardo
segredos meus e de meus amigos de forma exemplar. Esse terá que ser mantido enquanto fizer
sentido. Enquanto na balança me trouxer mais bem do que qualquer outra coisa.
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