sábado, 28 de março de 2015

Clube do Carimbo

Relutei bastante para falar sobre esse assunto. Primeiro, pois não assisti as reportagens, apenas vi um ou outra chamada na TV e li alguma coisa nas redes sociais. Segundo, pensava comigo, não há muito o que falar, pessoas assim são duplamente doentes e precisam pagar pelo que fazem e pronto, e ponto. Terceiro, o assunto me toca de maneira particular, uma vez que sempre tive a impressão que houvesse pessoas assim, e que eu mesmo poderia ter sido vítima de um,  só não imaginava um grupo organizado como este.
Mas o ponto principal é que não queria surfar no sensacionalismo que envolve a questão. Mas de ouvir tanta coisa, achei que seria bom desabafar um pouco...
Quem é gay faz algum tempo já deve ter ouvido histórias e mitos urbanos de pessoas que contaminavam as outras propositalmente. Coisas como pessoas com seringas em boates noturnas, Don Juans que seduziam as vítimas e no dia seguinte avisam que estavam contaminadas, clubes de bareback com fetiche na contaminação e outros contos de horror.  A criatividade humana para coisas nefastas é incrível.



Na prática, você vê sinais aqui e ali de que a contaminação proposital poderia ocorrer. Algumas práticas são indicativos claros. Pessoas que dispensam camisinha para fazer sexo. Pessoas que deliberadamente preferem o comportamento de risco. E ainda propostas indecorosas de sexo com risco de pessoas com HIV. Não tenho entrado muito no Grindr, mas até pouco tempo atrás era comum ver perfis com descrição “HIV+, sexo só sem capa” e outras pérolas negras do ambiente virtual.
Em minha vida sexual, já tive momentos de frequentar saunas, clubes de sexo e áreas de encontro. Já fui usuários dos chats (devo ter sido pioneiro nas salas da Uol), de sites de encontros (disponível.com, manhunter, gaydar) e aderi aos aplicativos (Grindr, Scruff e outros). E foi em um momento de descuido com algum parceiro que fui contaminado. Sempre tive preocupação, mas minha vida sexual nos últimos anos teve um salto quantitativo muito grande. E associado ao uso de certas substancias e álcool... Por mais que meu comportamento tenha sido promíscuo, eu sempre tive a impressão que fui contaminado deliberadamente em um momento de torpor. Bem feito? Isso eu deixo para o seu julgamento, caro leitor. Mas isso não muda nem meu estado atual, nem o ato de quem fez.
Eu não tenho certeza, mas tive a impressão de uma contaminação deliberada na época, e depois tive a confirmação da contaminação. Então, entendo a dor de quem passa por isso e o medo de quem teme. Entendo o sentimento de sentir essa violência. Entendo certa culpa de ter me exposto a isso. Entendo o desejo por justiça. Entendo também a vontade de distanciar o portador do HIV comum de pessoas como essas, contaminadores deliberados.
Talvez essas pessoas passem a vida inteira sem sofrer consequências sobre o que fizeram. Talvez sofram de algum tipo de psicopatia ou outro transtorno que a impeça de ter remorso. E esse será um segredo que não será totalmente revelado. Mesmo que a justiça pegue alguns. Será que terá pegado todos? Será que não surgiram novos? Será que serão devidamente punidos?
Como no caso de corrupção que vemos no noticiário. O que emerge nesses casos é apenas a ponta do iceberg.  Culpas e segredos ficaram omitidos do julgamento social. Assim caminha a humanidade.
Mas o que podemos fazer em relação a isso? Não adianta julgar os meios de comunicação pelo sensacionalismo. Não adianta também fingir que nada é conosco. Temos que agir e a única ação possível é a união. Temos que realmente dizer que achamos isso nefasto e errado. Temos que denunciar sites, grupos e, quem souber de pessoas específicas, indivíduos. Temos que esclarecer o assunto mesmo sabendo que seremos julgados. E geralmente para pior. Não importa a visão que você tenha sobre o assunto, desde que reprove veementemente e tenha a consciência que o ódio que nasce na sociedade em relação ao contaminadores deliberados não é para você, não pode ser para você e que nós, que não temos nada a ver com isso, que somos portadores de HIV, em conjunto, estamos juntos para defendê-lo desse ódio que deveria ser dirigido só a quem o merece,  e de maneira não violenta. Intermediado pela justiça oficial. Nada de justiça de grupos e indivíduos com as próprias mãos. Nossas autoridades que devem cumpri-las de forma irrepreensível.  Temos que acreditar nisso, senão é a barbárie.
Não adianta querer dividir a culpa com a imprensa. A mídia só está cumprindo o seu papel, que seja com tons mais sensacionalistas ou não. Devemos procurar nos aliar aos meios de comunicação para esclarecer o nosso ponto de vista,  o nosso medo da generalização e do risco do ódio contra os soropositivos aumentar. Aderir ao abaixo à Globo, abaixo ao Fantástico e outros lemas fáceis é um tiro no pé. A mídia é a principal aliada no esclarecimento de tudo. Temos que fazer questão do nosso lado da história.
Que o ato de contaminar alguém deliberadamente seja punido de maneira exemplar pela justiça. Que os criminosos sejam impedidos, sejam presos e colocados em tratamento, quando for o caso. E que nossa união não deixe que o ódio da sociedade faça vítimas inocentes pelo preconceito ou falta de controle.

Então era isso, queria me posicionar sobre o assunto. Sem caçar outros culpados que não sejam os que são realmente culpados nessa história, uma minúscula parcela de portadores de HIV que deliberadamente transmitem o vírus para outras pessoas.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Estou grávida?

Um dos efeitos colaterais que me incomodam e que ainda continuam a aparecer vez ou outra é o enjôo matinal. Não acontece todos os dia, mas também não é algo que passa sem se notar em uma semana, por exemplo. Mas o lado bom é que descobri um receita muito eficaz para resolver o problema. Ao acorda, ao menor sinal do problema corro para cozinha e como algo. Qualquer coisa. Tenho preferido coisas leves, mas já funcionou inclusive com pedaços de pizza frios e outros restos do dia anterior. Em menos de 5 minutos, o mal-estar some e dá lugar a uma confortável sensação. Já tentei outras coisas, como comer pouco tempo antes ou depois de tomar os remédios de noite, mas o que resolve é isso. Então, se você tiver esse problema tente. Não pense no enjôo e empurre para dentro algo, de preferencia saudável garganta abaixo. É realmente difícil comer algo quando está se sentido mal, mas é como o sabor amargo do remédio, passa. E vale mais a pena do que ficar com aquela sensação por mai tempo.