terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Prepare-se para emergências

Desde a primeira vez que fui buscar os medicamentos no posto de saúde, vi a placa indicando a PEP - Profilaxia Pós Exposição Sexual. É sempre vem uma pergunta na minha cabeça, por que eu não procurei isso? Em poucas palavras, é a administração de um coquetel por um determinado período de tempo após uma suposta exposição ao vírus. Eu com toda a informação que tinha sobre HIV e AIDS não sabia que existia essa possibilidade tão facilmente disponível. Não sei se faria diferença para evitar que eu tivesse me contaminado, uma vez que eu simplesmente poderia não ter coragem de ir atrás do medicamento. Mas hoje, depois de tudo que eu passei e passo com o vírus, eu enfaticamente recomendo que você faça o uso desse procedimento caso tenha dúvidas sobre alguma exposição seja por via sexual ou outras formas. Será duplamente bom para você. Primeiro, estará fazendo tudo ao seu alcance para evitar uma possível infecção que transformará a sua vida. Segundo, você experimentará o que é conviver durante 28 dias com o tratamento antirretroviral, verá que não é assim, vamos dizer, algo corriqueiro... Se o impacto da experiência não fizer você se cuidar, você pelo menos saberá sobre os riscos e consequências de transa desprotegida de uma forma visceral.

Como fazer? Procure um serviço ambulatorial de atenção especializada em HIV e AIDS (SAE) em até 72 horas após o possível contágio. Veja mais informações AQUI:

http://www3.crt.saude.sp.gov.br/profilaxia/hotsite/index.php?pags=duvidas-frequentes

Não deixe de fazer esse tratamento, não deixe de se informar e estar preparado para qualquer deslize ou acidente.


Abusos de Carnaval

Será que o abuso de álcool, noites mal dormidas, outros desgastes emocionais e físicos podem afetar meu tratamento? Eu realmente não sei. Mas depois de um Carnaval intenso, gânglios doloridos voltaram a aparecer no pescoço me lembrando dos primeiros sintomas que tive logo após ter testado positivo. Eu realmente poderia ter tomado mais cuidado, depois de tudo que passei... Mas também é muito difícil encontrar informação sobre como o tratamento é afetado por certas condutas. Eu já li alguma coisa sobre uso de drogas, álcool e interações de medicamentos, mas sempre com uma abordagem sobre o efeito do remédio no organismo. Não encontrei dados sobre uma amostragem de como o estio de vida ou hábitos podem influenciar o tratamento. Seria interessante saber como as diversas substancias legais ou não influenciam a contagem viral e as células CD4 e não só o efeito do remédio no organismo. Pois por exemplo, o álcool é liberado para o coquetel que eu estou tomando. A única preocupação indicada é possíveis falhas na adesão (esquecer de tomar o remédio) e a sobrecarga de toxidade no fígado e rins. Porém é claro que outros fatores influenciam a oscilação das células CD4 em um organismo em recuperação. Então, talvez mesmo com o efeito do remédio garantido com uma plena adesão, o álcool não poderia ocasionar uma supressão pontual da imunidade e favorecer o reaparecimento de uma carga viral alta? Vou ter que carregar essa dúvida por mais algumas semanas até o próximo exame. E conviver com certa culpa de ter passado dos limites razoáveis.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Indetectável

Certas coisas dão um ânimo. Mesmo que você não saiba muito bem o que signifique. Um exame dizendo que sua carga viral caiu de milhares para indetectável é uma maravilha. Ainda tenho mais perguntas do que respostas sobre o controle do virus pela medicação. Mas aí está, ela faz efeito e trouxe resultados. Agora é acompanhar. Outra coisa importante é recuperar algo perdido. Isso me lembra um vídeo que assisti com espanto e esperança no coração muitos anos atrás. Anos antes de imaginar que passaria por uma recuperação, menos dramática do que esta.