quarta-feira, 30 de março de 2016

Living With HIV

Acabo de voltar de uma viagem à New York. Do momento em que coloquei os pés no avião até agora, eu só pensava em escrever sobre minha experiência por lá. Foi maravilhosa, foi difícil e foi o que precisava ser.

Como passei quase quinze dias por lá. Resolvi me matricular em uma academia para poder não sair de forma. Fui em uma sugerida por um amigo que falou coisas boas sobre a frequência de gente bonita e descolada. Foi lá que encontrei Denis, um homem um pouco mais novo do que eu e lindo. Notei que ele me olhava pelo espelho da academia e fui gastar meu inglês com ele. Primeiro com aquele papo de academia que não quer chegar a lugar nenhum. Depois perguntando sobre o que fazer na cidade. Ele pareceu interessado, mas foi isso. Quando fui ao banheiro, ele foi embora logo em seguida.

No dia seguinte, depois de um ótimo almoço, um pouco museu e Central Park, resolvi voltar no mesmo horário. Claro que já querendo encontrá-lo. Lá estava ele devidamente acompanhado por um outro homem ainda mais bonito e um pouco mais velho. Aparelho vai, peso vem. Olhada aqui, olhada ali. Ele se aproxima e me fala para encostar melhor minhas costas no banco, pois poderia me machucar. Realmente, estava fazendo bem displicente e distraído. Retomamos a conversa. Contei sobre o meu dia e descobri que meu apartamento ficava apenas algumas quadras dos deles. Em um impulso, chamei para uns drinks em casa no dia seguinte após o trabalho deles. Toparam.

Arrumei a casa. Fiz compras. Desperdicei um dia me preparando para o que parecia que seria mais provavelmente uma nova amizade. Claro que eu tinha todas as piores intenções. Fui na academia, eles não estavam. Fiz um treino rápido e voltei para esperar por eles. Chegaram na hora marcada uma vinho barato nas mãos e uma garrafa de vodka. Começamos a beber, falando de todas as bobagens que se pode imaginar. Até o momento que a conversa começou a ficar parecendo uma paquera com elogios mútuos. Então aconteceu um beijo entre eles. Demorado. Fiquei muito sem graça, deixando um que ótimo em português mesmo.

Eles riram e vieram na minha direção. Tiramos a roupa e fizemos sexo, devidamente protegidos. Foi ótimo, ficamos nos abraçando e beijando após o sexo. Em certo momento, Denis foi no banheiro e fiquei com Paul. Depois eu fui. Ao entrar no banheiro, vi que haviam mexido no gabinete, pois deixaram a porta encostada. Achei estranho, e me toquei que havia deixado dois homens que mal conhecia sozinhos no quarto. Quando voltei, lá estavam eles como havia deixado.

Ali começou um namoro entre nós com data para acabar. Eles me mostraram alguns lugares da cidade no seu tempo livre, e eu fiquei entre o meu apartamento e o deles durante a viagem. Para quem tinha decidido ficar sozinho, foi um período muito cheio de gente. Notei como eu andava carente de afeto e de ter um relacionamento. Mesmo naquele faz de conta. Mas o mais especial foi uma carta que deixaram em minha bagagem de mão sem que eu percebesse. Quem ainda escreve cartas? Adorei. Li como sorriso e lágrimas. Transcrevo em português um trecho que especialmente me tocou:
"Temos que nos desculpar antecipadamente. Mas a curiosidade não matou o gato. Vimos que você é positivo e resolvemos não conversar sobre isso. Acredite isso não é um assunto para nós. Ficamos felizes por você se cuidar. Não deixe de se cuidar. Se você não quiser falar conosco por conta dessa intromissão, vamos entender. Porém não é isso que queremos. Só queríamos que você soubesse que sabemos e que está tudo bem para nós. Se acontecer, quando nos falarmos por e-mail ou whatsapp na próxima vez saberemos que você não se importou. Se for assim quem sabe nos veremos outra vez no Brasil em breve ou por estas vizinhanças".
Claro que já enviei uma mensagem confirmando que está tudo bem. Acho que o que estou sentido é o mais próximo possível do que as pessoas falam de se apaixonar por dois ao mesmo tempo. Onde eu compro as passagens para voltar?