Como um encontro
pode mudar totalmente a vida de uma pessoa. Depois que encontrei aquele meu
amigo, vamos chamá-lo de Ted, minha relação com o fato de ser soropositivo
modificou totalmente. Depois daquele encontro, nos falamos muitas outras vezes.
E posso até dizer que começamos uma amizade.
Ted estava
convencido que eu sabia que ele era hiv positivo antes do nosso encontro. E que
eu mentia para tentar enganá-lo, pois ele acreditava que quase todos amigos em
comum e pessoas que encontramos nas baladas sabiam dele. Boa parte porque ele
tinha outros amigos soropositivos e eles andavam juntos. Saíam para baladas,
restaurantes e faziam festinhas em casa.
Logo ele quis me
apresentar esses amigos. Eu relutei. Primeiro por medo de perder o controle de
quem sabe ou não de mim, e ter que confiar num número ainda maior de pessoas.
Segundo por achar muito estranho um grupo de amigos com se manterem juntos pelo
simples fato de terem contraído o HIV.
Depois de alguns
encontros e várias mensagens trocadas. Tomei coragem e resolvi ir jantar com o
pessoal. Do grupo, eu só conhecia um de vista, vou chamá-lo de Apolo. Apolo era
outro que eu não me importaria em ter um relacionamento. Inteligente, corpo
sarado e lindo. Mas logo vi que todos no grupo também tinham a mesma vontade.
Pelas brincadeiras e principalmente pelos comentários quando ele não estava
juntos. E, claro, pela ciumeira por ele ter namorado que não HIV positivo.
Havia mais 3 no
grupo. Um muito efeminado e incrivelmente engraçado que sempre falava dele e de
todo mundo no feminino. Era bem magrinho e parecia ter uma saúde frágil. Não
era feio, não era bonito. Vou chama-lo de Menina. O outro é cara muito estranho
e quieto e não conversamos muito, Casmurro. E ainda o baixinho e troncudo Torin
que passava cantadas diretas para Ted e Apolo. E parecia ter certeza ser
correspondido.
O jantar foi ótimo
e todos foram muito gentis e pacientes com minhas perguntas e medos. Cada um
contou sua história, algumas corriqueiras outras mais fortes. No fim, me senti
incluído no grupo.
Logo vi que de onde
Ted tirou a ideia que todos em sua volta sabiam de sua soropositividade. Eles
compartilhavam da mesma ideia. E por conversar pouco do assunto com outras
pessoas, acreditavam que a notícia tinha se espalhado através de conhecidos, ex-namorados
e tudo mais... Quem tinha mais apreensão com isso é Apolo. Seu namorado não
sabe que ele é tem o HIV e ele tem medo que ele descubra por outras pessoas. Os
outros possuem medo que suas famílias ou colegas de trabalho saibam. O mais
legal é que um dava apoio para outro de uma forma ou de outras. Nem que se
fosse pelo simples fato de ouvir.
No encontro eles me
falaram de algumas regras. Quando eles falavam do assuntos em público ou em
mensagens de telefone ou whatsapp não mencionavam o assunto de forma explícita.
Só contavam para alguém se fosse inevitável ou com autorização do grupo.
Depois desse jantar
fui ficando próximo deles. Principalmente do Ted e do Torin. É bom conversar
com alguém diretamente sobre isso. Olhando nos olhos. Dando abraços. É bom
poder ter amigos que sabem de tudo.