sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Clube dos 5 HIV positivo

Como um encontro pode mudar totalmente a vida de uma pessoa. Depois que encontrei aquele meu amigo, vamos chamá-lo de Ted, minha relação com o fato de ser soropositivo modificou totalmente. Depois daquele encontro, nos falamos muitas outras vezes. E posso até dizer que começamos uma amizade.
Ted estava convencido que eu sabia que ele era hiv positivo antes do nosso encontro. E que eu mentia para tentar enganá-lo, pois ele acreditava que quase todos amigos em comum e pessoas que encontramos nas baladas sabiam dele. Boa parte porque ele tinha outros amigos soropositivos e eles andavam juntos. Saíam para baladas, restaurantes e faziam festinhas em casa.
Logo ele quis me apresentar esses amigos. Eu relutei. Primeiro por medo de perder o controle de quem sabe ou não de mim, e ter que confiar num número ainda maior de pessoas. Segundo por achar muito estranho um grupo de amigos com se manterem juntos pelo simples fato de terem contraído o HIV.
Depois de alguns encontros e várias mensagens trocadas. Tomei coragem e resolvi ir jantar com o pessoal. Do grupo, eu só conhecia um de vista, vou chamá-lo de Apolo. Apolo era outro que eu não me importaria em ter um relacionamento. Inteligente, corpo sarado e lindo. Mas logo vi que todos no grupo também tinham a mesma vontade. Pelas brincadeiras e principalmente pelos comentários quando ele não estava juntos. E, claro, pela ciumeira por ele ter namorado que não HIV positivo.
Havia mais 3 no grupo. Um muito efeminado e incrivelmente engraçado que sempre falava dele e de todo mundo no feminino. Era bem magrinho e parecia ter uma saúde frágil. Não era feio, não era bonito. Vou chama-lo de Menina. O outro é cara muito estranho e quieto e não conversamos muito, Casmurro. E ainda o baixinho e troncudo Torin que passava cantadas diretas para Ted e Apolo. E parecia ter certeza ser correspondido.
O jantar foi ótimo e todos foram muito gentis e pacientes com minhas perguntas e medos. Cada um contou sua história, algumas corriqueiras outras mais fortes. No fim, me senti incluído no grupo.
Logo vi que de onde Ted tirou a ideia que todos em sua volta sabiam de sua soropositividade. Eles compartilhavam da mesma ideia. E por conversar pouco do assunto com outras pessoas, acreditavam que a notícia tinha se espalhado através de conhecidos, ex-namorados e tudo mais... Quem tinha mais apreensão com isso é Apolo. Seu namorado não sabe que ele é tem o HIV e ele tem medo que ele descubra por outras pessoas. Os outros possuem medo que suas famílias ou colegas de trabalho saibam. O mais legal é que um dava apoio para outro de uma forma ou de outras. Nem que se fosse pelo simples fato de ouvir.
No encontro eles me falaram de algumas regras. Quando eles falavam do assuntos em público ou em mensagens de telefone ou whatsapp não mencionavam o assunto de forma explícita. Só contavam para alguém se fosse inevitável ou com autorização do grupo.

Depois desse jantar fui ficando próximo deles. Principalmente do Ted e do Torin. É bom conversar com alguém diretamente sobre isso. Olhando nos olhos. Dando abraços. É bom poder ter amigos que sabem de tudo.