quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Eu entendo Charlie Sheen



Eu também já parei de tomar a medicação. Eu entendo Charlie Sheen. Hoje, a primeira notícia que ouço é que ele resolveu suspender a medicação e tentar um novo tratamento e que está plenamente consciente dos riscos que isso pode ter em sua vida. Ele avisa: "Eu já nasci morto", em referência ao fato de que a morte vem para todos cedo ou tarde.
Eu entendo Charlie Sheen. Acordar todos os dias um pouco grogue dos remédios. Ter que lembrar todas as noites de tomar uma pílula. Ter que consumir menos álcool, drogas e ter uma vida mais regrada. Limitações para baladas noturnas. Interações medicamentosas.
Eu entendo Charlie Sheen. Suspender a medicação é uma fantasia que temos. Tem efeitos imediatos na pessoa que suspende a medicação: a suavização de alguns efeitos colaterais.
Charlie Sheen tem mais acesso a pessoas e médicos que propõem tratamentos alternativo, ele também, mesmo que esteja quebrado, tem mais dinheiro que maioria das pessoas para se arriscar e buscar novas formas de tratamento "alternativo".
Eu também já parei de tomar a medicação por dois dias sem querer, pois fiquei sem o remédio. Um dia também esqueci. Tive muito medo das consequências, mas depois de me informar vi que os riscos eram mínimos. Mas que obviamente não deveria deixar isso acontecer mais.
É claro que não pretendia, e nem pretendo, para a medicação. Pelo menos, sem algo seguro para optar. Não tentaria tratamentos "alternativos" ou curas milagrosas sem o respaldo da comunidade médica. Mas o Charlie Sheen que faça o que bem entender. O complicado é a mídia fazer um carnaval em torno disso. Muitas pessoas podem se sentir incentivadas a buscar soluções que são inócuas para a cura ou melhoria do estado geral da saúde. Charlie Sheen sabe que se algo der errado pode voltar a tomar a medicação e ainda ter chances de melhorar novamente. Resolveu brincar com a roleta russa médica, se sair vitorioso, triunfará historicamente. Sim, existe uma probabilidade no desconhecido, mas acredito que seja tão remota como ganha na loteria três vezes seguidas. Se ele se curar realmente, terá provado ao mundo que a cura estava entre nós e não sabíamos.
Se não conseguir, será apenas um caso melancólico de inúmeros que tentam encontrar um atalho para cura sem conseguir. Desejo sorte, ao Charlie Sheen. Desejo mais responsabilidade da mídia. Desejo que os amigos e amigas continuem o tratamento convencional até que a ciência ou a loucura encontre uma cura definitiva. Pode ser que seja logo. Tenhamos fé e paciência.