sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Manual de como viver com um HIV positivo - parte III - Libido

Um dos grandes mistérios para mim é a libido, não apenas para o HIV positivo, mas para qualquer pessoas. Aliás, não só para mim, para a ciência, psicólogos e toda a sorte de profissionais e religiosos. Ninguém sabe ao certo como a libido funciona. Não existe drogas legais que alteram a libido de forma positiva. Pelo contrário, a maior parte das drogas diminui a libido. Mas o que é a libido? É a vontade instintiva que temos em fazer sexo. É aquilo que deixa os homens e as mulheres naturalmente excitados e prontos para o sexo. Existe um comportamento coletivo no que diz respeito a libido. Certas idades, certas horas do dia, certas situações e certos hábitos favorecem a libido. Por exemplo, os homens adolescentes tem muito mais libido do que os homens adultos. As mulheres jovens e as que alcançaram a menopausa tem mais libido do que as outras. As pessoas que praticam mais exercícios e tem alimentação mais saudável também possuem mais. Assim como quem tem mais auto-estima ou se sente atraente também. Porém, há sempre exceções à regra. Algumas drogas em certas doses aumentam a libido, é o caso da cocaína, GHB, ecstasy e outras. Porém levam a dependência química e psicológica. Algumas com o GHB ainda levam ao comportamento de alto risco de exposição a doenças sexualmente transmissíveis e ao risco de morte. Mas o fato é que em uma pesquisa rápida você vai notar que o portador do HIV positivo tem uma alteração na libido. Antes do tratamento e depois. Antes, muito ligada ao estado psicológico, e após, ligadas a diversos fatores químicos e psicológicos. Quem convive com um HIV positivo precisa ter um pouco de paciência e criatividade. A libido não desaparece na grande maioria dos casos, ela fica um pouco mais difícil de se manifestar. Mas se manifesta.



No meu caso, pessoalmente, ela se deslocou da parte da manhã para tarde. E ficou um pouco menos ativa. Porém não comprometeu a frequência que tenho sexo. Usar drogas para dar uma mãozinha para libido está fora de cogitações. Além de reduzir a imunidade, os efeitos da ressaca química são ampliados pelos antirretrovirais. Porém devo confessar que quando bebo, o sexo vem mais fácil. Mas já era assim antes do tratamento. Se você está convivendo com alguém com HIV positivo e está tendo dificuldades para lidar com a oscilação da libido da pessoa, eu indicaria tentar explorar as fantasias sexuais de ambos. Pode ser um estímulo a mais para chegar em um estado de excitação mais rápido. Homens são mais fáceis. A maioria vai se deixar levar pela provocação de imagens e sons que possam aguçar a imaginação. Vai depender um pouco do quanto a pessoa está aberta para explorar as próprias fantasias sexuais. Acredite, nem que estejam guardadas no fundo dos pensamentos, elas existem. Experimente vídeos eróticos ou pornos que podem ser acessados na internet sobre temas de diversos fetiches e situações, não tenha medo de ousar e se divertir. E aos poucos segure as rédeas da brincadeira. Outra coisa é alimentar essas fantasias em festas e casas noturnas, ou outros ambientes no qual exista a segurança e permissão necessária para isso. Nesse caso, vá com calma para ninguém se machucar. Converse sobre o assunto e crie regras para evitar com mútuo acordo para evitar conflitos desnecessários. Há sempre a opção da ajuda profissional, você poder procurar sozinho ou acompanhado do parceiro sexual. Procure fugir das fórmulas mágicas e dos atalhos. Além de geralmente não dar certo, só escondem um problema que está em evidência e pode ser trabalhado ou tratado.

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